sábado, 3 de julho de 2010

MEMORIAS DE UMA
DIRETORA DE ESCOLA
Nº 5

1995 – O PSDB entra no poder no estado de S.Paulo e Rose Neubauer é a nova secretária da Educação.
Novo governo, novas idéias, novas mudanças...
As escolas que possuíam, desde 1976, o primeiro grau completo, isto é, da 1ª a 8ª série, deviam ser desmembradas em duas escolas – uma de 1ª a 4ª série e outra de 5ª a 8ª série.
As escolas de 1ª a 4ª séries deveriam ter parquinhos e carteiras menores para um melhor atendimento aos alunos pequenos e as escolas de 5ª a 8ª séries deveriam ter laboratórios, quadras esportivas e carteiras maiores. Desculpa dada para uma futura municipalização.
Eu já estava na direção da EEPSG João Batista Ribeiro desde 1993 e Agudos pertencia à Delegacia de Ensino de Lençóis Paulista. E esta deu algumas sugestões para a novidade:
- levantar um muro na EEPSG João Batista Ribeiro, dividindo o prédio principal do anexo. No anexo ficaria de 1ª a 4ª série e no prédio principal de 5ª a 8ª séries e o 2º grau;
- enviar os alunos do 2º grau da EEPSG Padre João Batista de Aquino para a EEPSG João Batista Ribeiro;
- deixar a EEPG Coronel Leite apenas de 1ª a 4ª séries, enviando as 12 classes de 5ª a 8ª séries para a EEPSG João Batista Ribeiro.
Quanto ás outras escolas, nada poderia ser feito, pois ficavam em vilas diferentes e não tinham com quem dividir os alunos.
Foi feita uma reunião entre os diretores de Agudos, dentro da Delegacia de Ensino, para decidirem o que poderia ser feito.
A diretora da EEPSG Padre Aquino aceitou, de imediato, enviar os alunos de 2º grau para a EEPSG João B. Ribeiro.
Aleguei que levantar muro dentro da escola não era possível, pois à noite todas as salas do anexo eram ocupadas pelo 2º grau e que Agudos deveria ter outra escola com o 2º grau. A supervisão de ensino de Lençóis Paulista aceitou a impossibilidade de construção do muro, mas não aceitou que Agudos deveria ter outra escola de 2º grau.
Com o recebimento dos alunos do 2º grau pela EEPSG João Batista Ribeiro, ficaria inviável receber mais 12 classes de 5ª a 8ª séries da escola Coronel Leite. Dei como sugestão receber apenas as 7ªs e 8ªs séries. Mas o diretor e a vice diretora do Coronel Leite não queriam ouvir sugestão nenhuma. A vice chorava desesperadamente, alegando que eu queria acabar com a escola. Diante de todo esse drama, resolvi ficar quieta e acatar a decisão da Delegacia de Ensino.
A Delegacia de Ensino decidiu que eu tinha que receber todos os alunos do 2º grau do Padre Aquino e mais as 12 classes de 5ª a 8ª séries do Coronel Leite e, enviar para o Coronel Leite minhas seis classes de 1ª a 4ª séries.
Com essa decisão, a Delegacia de Ensino iniciou uma guerra em Agudos.
A escola Coronel Leite era considerada uma escola particular entre as escolas estaduais, pois lá estudavam apenas os alunos que o diretor queria. Alunos com problemas eram enviados para outras escolas sob a alegação de que elas eram escolas dos “fura bucho”, expressão utilizada pelo diretor para alunos problemáticos. O próprio diretor dizia que a escola era particular porque era dele. Vale dizer que esse diretor não era efetivo e sim um diretor substituto.
Esse diretor, quando ouviu a decisão da Delegacia de Ensino de Lençóis Paulista, reuniu os pais e os incitou a uma rebelião.
Os pais, em comissão, se dirigiram a Lençóis Paulista para impedir que essa divisão acontecesse. Ao invés de defender a escola, os pais ofendiam a escola João Batista Ribeiro, inventando histórias sobre os alunos, professores e a direção.
Outras reuniões entre os pais e o Delegado de Ensino de Lençóis Paulista aconteceram e, de acordo com outras pessoas, o Delegado de Ensino se comprometeu a não enviar os alunos do Coronel Leite para o João B. Ribeiro. Porém não foi o que aconteceu no inicio de 1996.
Inicio de 1996: todos os professores de 5ª a 8ª séries do Coronel Leite foram removidos ex-oficio, todos os alunos de 5ª a 8ª séries do Coronel Leite foram transferidos e todos os alunos do 2º grau do Padre Aquino foram transferidos para a EEPSG João Batista Ribeiro.
Como eu havia previsto, não havia sala de aula suficiente para atender todos os alunos e duas classes do 2º grau continuaram funcionando na EEPG Padre Aquino no período da noite, mas, pertencendo à EEPSG João Batista Ribeiro. De 33 classes que tinha em 1995, a escola passou a ter 48 classes.
Os pais mais revoltados levaram seus filhos para escolas particulares. A grande maioria, que não podia pagar escola particular, foi para a escola João B. Ribeiro com raiva e vontade de depredar a escola. E foi o que aconteceu.
A escola havia recebido pintura e ventiladores novos em janeiro. Em julho, foi necessário solicitar nova reforma para a escola, pois tudo estava pixado e quebrado.
Com o tempo, os alunos perceberam que a nova escola não era tão ruim como pensavam, nem acontecia o que os pais diziam e a diretora não era igual ao antigo diretor e passaram a gostar da escola.

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