sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A VERSÃO HUMANA DA AVENTURA DO SULTÃO


Como já contei anteriormente, o Sultão é um cachorro sem raça definida, que chegou em minha casa, com 1 mês e meio de vida, para fazer companhia ao Sheike, o rothweiller querido. Com a morte do Sheike, Sultão passou a ser o dono da casa.


O Sultão nunca saiu de casa. O máximo que fazia era chegar na calçada, em frente o portão, e voltar correndo para dentro. O portão podia ficar aberto o dia todo que o Sultão não chegava nem perto dele. Imagine subir num carro!!!!

Dia 10 de agosto tive que levar o Sultão em uma clinica de Bauru para fazer um ultrassom, depois de ter sentido algumas cólicas.

Para tanto, chamei o Kuca, Dr. Ederson Mainini, veterinário, para me auxiliar na aventura.

Quando o Kuca chegou em casa, o Sultão disparou em direção ao quarto, para se esconder debaixo da cama porém, encontrou a porta fechada.

A Maria do Carmo, minha empregada, trouxe a corrente e o prendeu. Conversando com o Sultão, conseguimos , eu e Maria, leva-lo até a garagem.

Lá, tentamos coloca-lo no banco traseiro do carro, objetivo não alcançado. Então, Kuca pegou o Sultão no colo e o colocou dentro do carro.

Subimos todos no carro e partimos para Bauru.

Já na saída de Agudos, Sultão quis tirar a focinheira e o Kuca permitiu. A respiração do Sultão era ofegante. Sentava no banco e via a rua e depois a estrada passar e logo deitava. Sentava novamente no banco e, enquanto estava olhando para frente, conseguia ficar sentado, mas era só olhar do lado e ver a estrada “correr” e ele se deitava.

Chegamos na clinica e tiramos o Sultão do carro. Quando entramos, ele sentiu cheiros estranhos e passou a cheirar tudo, tapete, banco, a perna da Maria, a minha perna. Logo percebeu que havia uma caixa num canto com uma cachorra dentro. Mas ele não conseguia ver a cachorra, só sentia o cheiro. Ficou com um medo danado. Enquanto esperávamos ser atendidos, o Sultão ficou sentado ao meu lado, olhando para a rua. Não sei se conheceu o carro, que estava parado próximo a porta, ou se via os carros passando na rua, ou se queria que a porta fosse aberta , pois raspava as unhas na porta de vidro.

De repente, sai de dentro da sala um veterinário com uma cachorra policial e ligou para alguém vir busca-los. O Sultão quando viu a cachorra, tentou entrar debaixo das minhas pernas, de tanto medo.

Após algum tempo, a veterinária veio buscar o Sultão, colocamos a focinheira nele e o Kuca teve que pegá-lo no colo para entrar na sala.

Sobre a mesa, havia uma “calha”, na qual o Kuca deitou o Sultão de pernas para cima. O Kuca segurou as “mãos” e eu os “pés” e o rabo. A veterinária disse que por ser muito peludo, precisava raspar a barriga do Sultão. E a maquininha de raspar foi utilizada.

Durante o exame, o Sultão ficou quietinho. Porém quando a veterinária pressionava próximo à bexiga, ele reagia, querendo sair. Visualizando a bexiga mais espessa, a veterinária, resolveu fazer um exame de urina e colocou a sonda no Sultão, colhendo a urina necessária ao exame.

Depois disso, o Sultão foi colocado no chão e retirada a focinheira.

Voltamos para a sala de espera onde fui pagar os exames. Quando lá chegamos, estava entrando uma mulher com dois cachorros que, além de se enrolarem nas correntes, latiam e subiam no banco, fazendo o maior alvoroço. O Sultão se encolheu todo e não dava nem um passo. O Kuca resolveu pegá-lo no colo e levá-lo para o carro.

Durante a volta, o Sultão veio deitado no banco, estressado.

Quando chegamos em frente ao portão de casa, percebi que o Sultão havia sentado no banco e olhava para o portão. Perguntei ao Sultão se ele sabia onde estávamos. Enquanto o portão abria percebi que a ansiedade do Sultão chegava a limites extremos. Ele sabia que estava de volta a sua casa.

Assim que parei o carro na garagem, desci rapidamente para abrir a porta traseira e deixá-lo livre. Ele nem esperou tirar a coleira, desceu correndo do carro e passou a olhar tudo a sua volta. Estava novamente em casa.

Abri a porta da copa e ele entrou correndo em direção ao quarto e se deitou em seu cobertor .

Isso era quase quatro horas da tarde e, por duas horas, não se ouviu mais o Sultão. Ficou quietinho no cobertor, até descansar o suficiente para depois ir comer, pois estava em jejum desde as vinte horas do dia anterior.

Foi uma grande aventura para um cachorro que nunca viu a cidade e a estrada e nunca esteve tão perto de outros cachorros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário